Além da petroleira, Banco do Brasil perdeu R$ 5 bilhões com queda de quase 5% nas ações; o índice Ibovespa, principal da bolsa de valores de São Paulo, teve alta de 1,31%, a 116.037 pontos.
As ações da Petrobras tiveram queda acentuada nesta segunda-feira (31), puxadas pela vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais. Outra estatal listada na bolsa, o Banco do Brasil também caiu.
As ações ordinárias da Petrobras (PETR3) tiveram queda de 7,32% aos R$ 33,16, enquanto as preferenciais (PETR4) caíram 8,75%, a R$ 29,72. Em valor de mercado, a estatal teve perda de R$ 34,2 bilhões.
O Banco do Brasil seguiu curso parecido: queda de 4,87% dos papéis, a R$ 36,93. O valor de mercado caiu, portanto, R$ 5,1 bilhões.
O levantamento foi realizado por Einar Rivero, do TradeMap, e mostram que os papeis de estatais destoaram bastante do Ibovespa, principal índice da bolsa de valores de São Paulo, a B3.
O indicador fechou em alta de 1,31%, a 116.037 pontos. Na mínima, logo no início do pregão, a bolsa chegou a caiu aos 112.113 pontos. Veja mais cotações.
Apesar da reação negativa à vitória de Lula no início do pregão, os agentes financeiros recuaram do mau humor para aguardar as primeiras sinalizações sobre as políticas e principalmente a equipe econômica do petista.
Como foi o pregão
Em seu primeiro dia como presidente eleito, Lula foi acionado pelas principais lideranças mundiais e deu sinais de que recorrerá ao diálogo com o Congresso para avançar com sua agenda em 2023. É uma sinalização que Lula pode estreitar parcerias comerciais e trabalhar por um ambiente político menos turbulento.
Enquanto se desenrolam os primeiros passos, Marco Tulli, superintendente da Necton/BTG Pactual, disse nesta segunda que a percepção entre outros agentes financeiros é de que pode haver dificuldades e a necessidade de um trabalho muito grande de conciliação política para seguir com a administração do país em várias esferas.
“O mercado talvez não gostaria de passar por isso, o que pode explicar essa primeira reação negativa”, disse à Reuters. “Uma melhora ou piora mais acentuada dependerá das nomeações para cargos de confiança de Lula”, acrescentou.
Tulli chamou atenção para o efeito nas ações da Petrobras, dado o histórico da gestão petista na petrolífera estatal. Papéis da companhia listados em outros mercados já sinalizavam uma reação bastante negativa no pregão brasileiro.
Analistas do JPMorgan cortaram a recomendação de Petrobras para “neutra” e reduziram o preço-alvo das preferenciais de R$ 53 para R$ 37, enquanto a equipe do BTG Pactual, que já tinha classificação “neutra” para os papéis, diminuiu o preço-alvo de R$ 40 para R$ 35,7.
Rodolfo Angele e equipe do JPMorgan destacaram em relatório que os rumos estratégicos da Petrobras mudam com as mudanças na liderança política do país, e o presidente eleito criticou abertamente a forma como a empresa tem sido administrada e também discutiu prováveis mudanças na companhia.
“As principais (mudanças) devem ser na alocação de capital e na política de preços dos combustíveis vendidos no mercado interno”, estimam, acrescentando que o plano de governo do PT prevê que a Petrobras invista em refinarias para permitir que o Brasil dependa menos do combustível importado.
Os analistas do banco norte-americano ainda apontam que o mesmo plano também prevê a implementação de um mecanismo que crie um “preço brasileiro” para os combustíveis.
Para eles, muitas dessas incertezas já estão no preço das ações e a governança e o escrutínio do público em geral desempenharão um papel importante na empresa. No entanto, avaliam que as cotações não refletirão totalmente os fundamentos até que investidores tenham clareza sobre exatamente o que mudará na empresa.
No exterior, a inflação da zona do euro superou as expectativas mais uma vez este mês ao atingir um recorde de 10,7%, o que indica novos aumentos das taxas de juros pelo Banco Central Europeu. uma vez que as pressões sobre os preços parecem estar se ampliando.
As pressões inflacionárias também nos EUA mostram que o Federal Reserve (BC norte-americano) pode aumentar a taxa de juros em 0,75 ponto percentual nesta semana. O Fed aumentou sua taxa de juros de quase zero em março para a faixa atual de 3,00% a 3,25%, o ritmo mais rápido de aperto monetário.